terça-feira, 21 de março de 2017

Di(c)as para refletir

21 de Março - Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial

Entende-se por discriminação racial qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência em função da raça, cor, ascendência, origem nacional ou étnica, que tenha por objetivo ou produza como resultado a anulação ou restrição do reconhecimento, fruição ou exercício, em condições de igualdade, de direitos, liberdades e garantias ou de direitos económicos, sociais e culturais.



21 de Março - Dia Mundial da Floresta

Dia para refletir sobre a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.

Desde a regularização do ciclo hidrológico, a proteção dos solos face à erosão, o suporte de ecossistemas que sustentam uma rica biodiversidade, a produção de inúmeros bens materiais, a produção de oxigénio que a transforma em verdadeiro sumidouro de dióxido de carbono, permitindo contrabalançar parcialmente o efeito de estufa que está a gerar alterações climáticas à escala global do planeta.

No entanto, por todo o Planeta, as florestas naturais desaparecem a um ritmo vertiginoso dando lugar a processos de erosão e desertificação que são acompanhados de uma perda de biodiversidade sem paralelo. O exemplo mais gravoso vem das florestas tropicais, como a Amazónia, onde muitas espécies são extintas.

Nos últimos 40 anos, o Mundo já perdeu metade das suas florestas, principalmente por causa de desmatamentos para fins agrícolas. As indústrias de produção de óleo de palma, soja, madeira, carne e cacau estão à frente no ranking da destruição.
Se a destruição das florestas permanecer no ritmo que se encontra, dentro de cerca de 50 anos não teremos mais florestas tropicais originais.



22 de Março - Dia Mundial da Água

Um relatório divulgado pelo Conselho Mundial da Água revela que 12% da população mundial não tem acesso a fontes potáveis - 319 milhões de africanos; 554 milhões de asiáticos; 50 milhões de sul-americanos - e 3,5 milhões de mortes por anos são atribuídas a doenças ligadas à água.

Entre as regiões mais afetadas estão Papua-Nova Guiné com a menor disponibilidade de água, apenas 40% da população tem acesso a fontes potáveis, seguido da Guiné Equatorial (48%), Angola (49%), Chade e Moçambique (51%), da República Democrática do Congo e Madagáscar (52%), e Afeganistão (55%).   

Este ano, o “Dia Mundial da Água” é dedicado ao problema das águas residuais. “Aproximadamente 90% das águas residuais do mundo são despejadas no meio ambiente sem tratamento”, segundo o presidente do Conselho Mundial da Água, que reúne mais de 300 entidades de 50 países.

Todos os anos uma em cada cinco crianças com idade inferior a cinco anos morre prematuramente devido a doenças relacionadas com a água e quase 40% da população mundial já enfrenta problemas de escassez de água e pode aumentar para 66% em 2025.


terça-feira, 14 de março de 2017

Bater no fundo


2016 foi o pior ano para as crianças da Síria. Nunca o sofrimento foi tão grande.

As violações graves dos direitos das crianças na Síria atingiram em 2016 o número mais elevado de que há registo – são estas as conclusões da UNICEF numa análise preocupante sobre o impacto do conflito nas crianças, no momento em que a guerra chega ao fim do seu sexto ano consecutivo. Os casos confirmados de morte, mutilação e recrutamento de crianças aumentaram significativamente no ano passado, com a escalada de violência em todo o país.

Desde o início do conflito, que esta semana entra no sétimo ano consecutivo, cerca de 2,3 milhões de menores já terão fugido da Síria. Segundo a UNICEF, os mais vulneráveis, cerca de 2,8 milhões, estão encurralados em áreas de difícil acesso e pelo menos 280 mil estão a viver sob cerco.

O nível de sofrimento não tem precedentes. Milhões de crianças na Síria estão permanentemente sob a ameaça de ataques, as suas vidas estão totalmente viradas do avesso. Todas estas crianças ficam marcadas para o resto da vida com consequências terríveis para a sua saúde, bem-estar e futuro.” – refere Geert Cappelaere, Diretor Regional da UNICEF para o Médio Oriente e Norte de África.

As dificuldades de acesso em diversas zonas da Síria não permitem avaliar a verdadeira dimensão do sofrimento das crianças, nem fazer chegar com a devida urgência assistência humanitária às crianças mais vulneráveis. Para além das bombas, das balas e das explosões, as crianças estão a morrer em silêncio, muitas vezes de doenças que poderiam ser facilmente evitáveis. O acesso a cuidados médicos, bens de primeira necessidade e outros serviços básicos contínua difícil.

No interior da Síria e além-fronteiras, as alternativas para lidar com a situação estão a esgotar-se, o que leva as famílias a adotar medidas extremas para sobreviver, empurrando muitas vezes as crianças para o casamento precoce e o trabalho infantil. Em mais de dois terços dos agregados familiares há crianças a trabalhar para ajudarem as famílias, algumas em condições muito duras, até mesmo para adultos.



2016 EM NÚMEROS
Pelo menos 652 crianças foram mortas – um aumento de 20 por cento em relação a 2015 – o que faz de 2016 o pior ano para as crianças da Síria desde o início da verificação formal das mortes de crianças (2014)

255 crianças foram mortas numa escola ou nas suas imediações

Mais de 850 crianças foram recrutadas para combater no conflito, mais do dobro do das que foram recrutadas em 2015. As crianças estão a ser usadas e recrutadas para combater diretamente nas linhas da frente e participam cada vez mais ativamente, incluindo em casos extremos de execuções, como bombistas suicidas ou guardas prisionais

Foram registados pelo menos 338 ataques contra hospitais e pessoal de saúde




quarta-feira, 8 de março de 2017

Dia Internacional da Mulher



A celebração do Dia Internacional da Mulher tem a sua origem nas lutas das mulheres, nos finais do séc. XIX e início do séc. XX, por melhores condições de trabalho e mais direitos.

A 8 de março de 1857 um grupo de trabalhadoras da indústria têxtil organizou uma marcha em Nova Iorque para exigir melhores condições de trabalho, a jornada diária reduzida para 10 horas e direitos iguais para homens e mulheres. Cinquenta e um anos depois, a 8 de março de 1908, um outro grupo de trabalhadoras em Nova Iorque escolheu a data para avançar para uma greve, homenageando as antecessoras. Queriam o fim do trabalho infantil e o direito de votar.

Esquecido por largos anos, foi recuperado pelos movimentos feministas dos anos 60, vindo a ser adoptado pela ONU em 1977.



Mas o dia 8 de março não pode ser apenas uma comemoração, tem que nos permitir refletir sobre a situação atual.

Apesar de algum progresso, as mulheres ainda recebem um salário substancialmente inferior ao dos homens em posições semelhantes, representam a maioria dos trabalhadores em empregos com baixos salários e lutam para aceder às posições de liderança. Apesar de terem mais qualificações, em Portugal, as mulheres ganham em média menos 16,7% do que os homens, o que significa que têm de trabalhar mais dois meses por ano para obter o mesmo rendimento, revela a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego.

Segundo a ONU, 35% das mulheres foram vítimas de violência física ou sexual, 200 milhões de meninas ou mulheres sofreram uma forma de mutilação genital e 700 milhões de mulheres foram obrigadas a se casar antes dos 18 anos. Em Portugal, a violência doméstica continua a ser um flagelo. Nos últimos 13 anos foram assassinadas 454 mulheres.

Na Europa, as mulheres recebem de reforma menos 40% do que os homens. Em média, mais mulheres completam o ensino superior, mas, ainda assim, ganham menos dinheiro. Na administração das grandes empresas cotadas em bolsa, menos de um quarto são mulheres. Quanto mais acima na estrutura empresarial, menor é o número de mulheres. Quase dois terços das mulheres tem emprego, mas um terço trabalha a tempo parcial, e quase metade o faz devido a razões relacionadas com a família e a prestação de cuidados. Caso não se façam mudanças significativas, a Europa precisará de 70 anos para atingir a igualdade de salários, 40 anos até as tarefas de casa serem partilhadas com igualdade, e 20 anos até atingir o equilíbrio de géneros na política.


A comissão do Parlamento Europeu para os direitos da mulher e a igualdade dos géneros decidiu dedicar o Dia Internacional da Mulher de 2017, à emancipação económica das mulheres. Porque o dinheiro não traz felicidade, mas pode ajudar a decidir o próprio futuro ou facilitar a fuga de uma situação de violência doméstica.



CINCO DESAFIOS PARA A IGUALDADE DE GÉNERO


sábado, 4 de março de 2017

VEMOS, OUVIMOS E LEMOS. NÃO PODEMOS IGNORAR



Uma Viagem Fatal para as Crianças: A Rota Migratória do Mediterrâneo Central

O percurso do Norte de África, das costas da Líbia, para a Europa, através do Mediterrâneo central, é uma das mais mortíferas e perigosas rotas migratórias para  crianças e mulheres. O relatório, divulgado pela UNICEF, denuncia situações de grande violência e abusos sexuais, por parte de contrabandistas, traficantes e grupos de crime organizado.

No ano passado, mais de 181 mil refugiados e migrantes - incluindo mais de 25 mil crianças desacompanhadas - chegaram a Itália por esta rota. No mesmo período, pelo menos 4.579 pessoas morreram quando tentavam atravessar o Mar Mediterrâneo, incluindo 700 crianças.

Segundo o relatório, os centros de detenção líbios geridos pelo Governo e por milícias armadas têm servido como negócios lucrativos que se alimentam do tráfico de pessoas. Sobrelotados e incapazes de garantir as condições mínimas de segurança, estes centros não são mais do que campos de trabalhos forçados e prisões improvisadas onde milhares de crianças e mulheres migrantes vivem encarceradas durante meses, enfrentando situações de violência e fome.



Vão crescendo os muros anti-refugiados na Europa

A Hungria está a começar a construir uma segunda vedação de arame farpado ao longo da fronteira com a Sérvia, equipada com camaras de vigilância e termográficas e, a cada 15 centímetros, com sensores que ativam um alarme quando a cerca é tocada. O seu custo é de 123 milhões de euros.

Ao mesmo tempo que arranca a construção da segunda vedação, o governo húngaro prepara-se para tentar fazer passar uma lei que dará poder às autoridades para deter qualquer requerente de asilo e devolvê-lo à Sérvia, independentemente do local onde seja feita a detenção.

Entretanto, na Alemanha, registou-se durante o ano de 2016 mais de 3500 ataques contra refugiados e abrigos de requerentes de asilo, de que resultou 560 feridos, dos quais 43 eram crianças. 





Quase um milhão e meio de crianças estão em risco iminente de morrer à fome.

O alerta é da UNICEF, que denuncia que quase 1,4 milhões de crianças estão em risco iminente de morte, este ano, devido à má nutrição aguda grave causada pela fome que paira sobre a Nigéria, a Somália, o Sudão do Sul e o Iémen.

O Programa Alimentar Mundial diz que são 20 milhões as pessoas que podem morrer até ao fim do Verão nestes quatro países. As guerras e a seca são as causas diretas.
Só no Iémen, hoje, há 2,1 milhões de crianças malnutridas e 18,8 milhões de pessoas – mais de dois terços da população – a precisar de ajuda alimentar.

Também o mais recente relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), subordinado às perspetivas de colheita e situação alimentar, realça que a fome ameaça 37 países (28 dos quais no continente africano) que dependem da ajuda alimentar externa devido aos conflitos e à seca, apesar de abundarem as colheitas a nível mundial.




quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

UTOPIA

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?


Insisto não ser tristeza  -  nos 30 anos da morte de José Afonso

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Dia Mundial da Justiça Social


Criado, em 2007, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o Dia Mundial da Justiça Social - 20 de Fevereiro - tem por objetivo apoiar os esforços da comunidade internacional para a erradicação da pobreza, a promoção do trabalho digno, a igualdade de género, o bem-estar e justiça para todos.

Torna-se inevitável falar hoje de Justiça Social face ao agravamento das desigualdades, quer dentro de muitos países quer entre países. Um estudo recente da organização Oxfam denunciava que 1% da população mundial detém uma riqueza equivalente aos restantes 99% e oito pessoas detêm uma riqueza equivalente à da metade mais pobre de toda a população mundial.

A Justiça Social baseia-se na igualdade de direitos para todos os povos e a oportunidade para que todos os seres humanos, sem discriminação, possam beneficiar do progresso económico e social em todo o mundo.

Promover a Justiça Social significa destruir as barreiras que as pessoas enfrentam devido ao seu género, idade, raça, religião, cultura ou deficiência. Significa combater o desemprego e a pobreza  que tornam ainda mais difícil a integração social.


Para tal, precisamos de adotar uma nova visão para a economia e a sua relação com o resto do mundo. Uma economia que respeite os limites do planeta, que coloque o bem-estar humano num contexto de laços sociais e de justiça e que reconheça que o seu objetivo final é alcançar um bem-estar sustentável e não um consumismo descontrolado.






sábado, 18 de fevereiro de 2017

Repensar o trabalho e o emprego



“Repensar o trabalho é uma reflexão que se impõe para enfrentar os desafios presentes e os do futuro. Foi através do trabalho que o ser humano, ao longo dos tempos, se organizou e se socializou, definindo o trabalho/emprego como um direito inalienável e indispensável. As mudanças que se estão desde já a sentir e que têm sido atribuídas à conjugação do aprofundamento da globalização com o avanço tecnológico, bem como as que se perspectivam para o futuro, estão a provocar alterações na produção e, consequentemente, no trabalho. Tais alterações questionam os modelos tradicionais e colocam questões a que é preciso responder, designadamente no que respeita à coesão social.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o mundo do trabalho é o teatro de uma mutação profunda, num período em que a economia mundial não cria empregos suficientes… E ao desemprego massivo, junta-se a profunda transformação que conhece a relação de trabalho, portadora de novos desafios a vencer.

Nas economias avançadas, a recuperação dos postos de trabalho está a fazer-se lentamente, mas o emprego permanece bem abaixo dos níveis antes da crise, em muitos países da OCDE, especialmente na Europa. De acordo com esta organização, o tempo está a esgotar-se para evitar que as cicatrizes da crise se tornem permanentes, com milhões de trabalhadores apanhados na armadilha da permanência no fundo da escada económica. O longo legado da crise terá feito subir as desigualdades e existe o perigo do aumento do número de trabalhadores no desemprego crónico ou movendo-se entre o desemprego e os empregos precários e mal pagos.

Contudo, são cada vez mais os que defendem que a nova agenda para o trabalho, que tem vindo a desenvolver-se desde há alguns anos, não se deve fundamentalmente à crise, mas que se faz sentir antes de 2008, e se traduziu no declínio da protecção legal do trabalho e na desvalorização dos salários e das qualificações. A agenda política teria aproveitado a crise para introduzir alterações significativas ao modelo de funcionamento do mercado de trabalho”.

Assim começa um documento de reflexão de Eduarda Ribeiro e João Lourenço no âmbito da iniciativa Economia e Sociedade – Pensar o futuro.

Com as novas tecnologias, a digitalização, a globalização e a financeirização, qual o lugar do trabalho humano e o emprego? Como assegurar uma repartição justa do rendimento gerado? Como harmonizar, no futuro, o trabalho com dignidade humana, realização pessoal, segurança social, participação e coesão social? Que mecanismos desenvolver para acomodar, de modo positivo, uma transição civilizacional que se vislumbra tumultuosa?

De acordo com a OIT, a evolução do mundo do trabalho, independentemente do que pensamos sobre o assunto, é o resultado de uma multiplicidade de decisões tomadas aos níveis nacional e internacional, tanto na esfera pública como privada e em todos os domínios. Do mesmo modo, e apesar da dinâmica da mudança já observada e de algumas realidades duras, o futuro do trabalho será o que fizermos dele.

Por isso a OIT (Organização Internacional do Trabalho) propôs várias iniciativas, entre quais se conta A Iniciativa sobre o futuro do trabalho, que se desenvolverá até 2019 e que pretende reunir um vasto conjunto de contributos que tornem possível uma reflexão sobre o futuro do trabalho.

O documento na integra pode ser lido  AQUI

(Fonte: http://areiadosdias.blogspot.pt/2017/02/repensar-o-trabalho-e-o-emprego.html)