domingo, 10 de setembro de 2017

Antropoceno: a força destruidora de uma espécie


Portugal sofre a pior seca dos últimos 40 anos com cerca de 60% do território em seca severa ou extrema. Há várias produções agrícolas ameaçadas, populações que podem ficar sem água e a REN não afasta a possibilidade da subida de preço da energia. Devido à seca, e para manter a qualidade da água utilizada para consumo humano, 150 toneladas de peixe foram retiradas de quatro barragens no Alentejo.

Em finais de Agosto, no norte da Índia, no Nepal e no Bangladesh, milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas devido a inundações provocadas por chuvas particularmente intensas. Milhares de aldeias no nordeste da Índia ficaram sem eletricidade ou água potável. Mais de 1200 pessoas morreram.

Pela mesma altura, o furacão Harvey provocava milhares de deslocados nos estados do Texas e Louisiana, nos Estados Unidos da América, bem como inundações nunca antes vistas nessas regiões.

O furacão Irma, o mais forte de que há história, continua a sua rota de destruição pela América Central. E já aí estão mais dois em movimento: José e Katia.

Nunca uma espécie que habita a face da Terra mudou, de forma tão radical e global, as condições no planeta quanto nós, seres humanos. Somos comparáveis a uma espécie de força geológica que tem o poder de revolver a terra, modificar o ritmo do ciclo de vida da Terra e alterar a química dos solos, das águas e do ar.  


A ponto dos cientistas estarem em vias de mudar o nome da época geológica atual: sairíamos do Holoceno, inaugurada com o fim da era glacial, e entraríamos no Antropoceno – a Era dos Humanos.

Sem dúvida, a humanidade se multiplicou e melhorou o seu padrão de vida na era do Antropoceno. Mas nunca uma espécie destruiu tantas outras espécies e consumiu tantos recursos naturais em tão pouco tempo, além de gerar lixo, poluição e um rastro de perdas e danos ambientais. Mas toda essa aceleração da dominação humana e da exploração da natureza provocou danos sem retorno.

Destruiu florestas para utilizar as madeiras de lei, fazer carvão e ampliar as atividades da agricultura e da pecuária. Represou rios, drenou pântanos, alterou a paisagem natural. Danificou os solos, ampliou as áreas desérticas e gerou desertos verdes que provocam a eliminação total ou parcial das espécies animais que caracterizam uma região. O sistema de produção e consumo que satisfaz o desejo de possuir bens e serviços gera crescentemente lixoresíduos sólidos e poluição. Os aterros sanitários são uma fonte de propagação de doenças e de danos ambientais. Os oceanos tendem a ter mais plásticos poluidores do que peixes. Dezenas de milhares de espécies desapareceram e outras centenas de milhares estão em riscos de extinção. Para manter o crescimento económico, a terra foi revolvida para extrair minérios, para procurar petróleo no fundo do subsolo e para outros usos que emitem gases de efeito estufa que alteram a química da atmosfera, provocando o aquecimento global e a acidificação dos solos e das águas, além do aumento do nível dos mares, o que ameaça bilhões de pessoas que vivem ou dependem das áreas costeiras.

É hora de refletir sobre o terrível poder da natureza e da nossa responsabilidade. 

Furacões e o Cuidado do Bem Comum

Fonte: AQUI  e  AQUI


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