terça-feira, 1 de novembro de 2016

Grécia em 2016: pessoas vulneráveis deixadas para trás




Sete meses após a assinatura do acordo entre União Europeia (UE) e Turquia e, apesar da enorme quantidade de fundos prometidos pela UE, mais de 50 mil migrantes e refugiados ainda vivem em condições muito precárias na Grécia e não têm acesso adequado a cuidados de saúde. A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está especialmente preocupada com os mais vulneráveis, incluindo vítimas de violência, pessoas com doenças crónicas e distúrbios psiquiátricos, pessoas com limitações de mobilidade, menores (não acompanhados), gestantes e recém-nascidos, cujas necessidades específicas não são atendidas e cuja saúde está particularmente em risco. MSF faz um apelo para que as autoridades gregas ajam de acordo com as suas responsabilidades em termos de assistência a uma população em perigo no seu próprio território e que ofereçam, com o apoio dos Estados-membros da UE, uma resposta adequada com base nas necessidades individuais e não apenas nas nacionalidades das pessoas.

No relatório “Grécia em 2016: pessoas vulneráveis deixadas para trás”, MSF destaca as lacunas do sistema atual, em que as pessoas vulneráveis não são devidamente identificadas e não recebem proteção e cuidados adequados. “É espantoso que, sete meses após o acordo entre UE e Turquia, pessoas vulneráveis ainda não sejam adequadamente atendidas na Grécia. Os centros de receção e de trânsito nas ilhas estão com lotação muito acima de sua capacidade, e os serviços nos principais acampamentos do país estão abaixo do padrão”, diz Loic Jaeger, coordenador-geral de MSF na Grécia. “A resposta financeira da UE é muito lenta e o sistema de saúde pública na Grécia está sobrecarregado. Consequentemente, as pessoas mais vulneráveis ficam sem os cuidados de que necessitam urgentemente.”

Equipas de MSF, que testemunharam o sofrimento das pessoas a viverem em tendas no inverno passado, manifestam a sua preocupação com a falta de planeamento para a estação fria deste ano. “Há meses que ouvimos falar dum plano nacional, mas as pessoas ainda vivem em tendas no norte da Grécia, onde a temperatura já caiu para 5°c. Como pode a Europa deixar essas pessoas ao frio mais um inverno?”

A falta de vontade ou a incapacidade do governo grego de assumir a liderança e assegurar a cooperação adequada com outros atores está tendo um sério impacto sobre a qualidade e a velocidade da resposta à crise de migrantes e refugiados. Da mesma forma, a negligência deliberada da UE e de seus Estados-membros na implementação de um sistema de relocação eficiente para aqueles que buscam segurança e proteção está prolongando e intensificando o sofrimento. MSF faz um apelo à UE e às autoridades gregas para que respondam imediatamente às necessidades dos mais vulneráveis e facilitem canais legais e seguros para aqueles que estão aptos a participar no processo de relocação sejam rapidamente recebidos noutros locais da Europa.

O resumo das principais atividades da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras ao redor do mundo, em Setembro de 2016, pode ser visto aqui:






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