Defender os Direitos Humanos é trabalho de todos e de cada um, onde quer que eles sejam violados, lá longe ou ao pé da porta.
sábado, 10 de dezembro de 2016
Dia Internacional dos Direitos Humanos
O Dia Internacional dos
Direitos Humanos é assinalado a 10 de dezembro, para comemorar a data da
adoção, em 1948, da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, por parte da Assembleia das Nações
Unidas.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
CALAR, NUNCA!
Assinala-se hoje o Dia Internacional para a Eliminação da
Violência sobre a Mulher.
Mais de 450 mulheres foram assassinadas em
Portugal nos últimos 12 anos e 526 foram vítimas de tentativa de homicídio, a
grande maioria por parte de homens com quem viviam uma relação de intimidade.
Em
2015, 29 mulheres morreram em Portugal vítimas de violência doméstica, tendo
sido registadas 26.595 denúncias.
De 1 de janeiro a 20 de novembro de 2016, a União de Mulheres
Alternativa e Resposta (UMAR) assinalou 22 mulheres mortas às mãos
dos maridos ou ex-companheiros e 23 mulheres vítimas de tentativa de homicídio.
Segundo dados da Associação de Apoio à Vítima
(APAV), 22 387 vítimas de violência doméstica procuraram a associação para
pedir apoio, entre 2013 e 2015. Destas, 35,7% fizeram-nos após calarem os
abusos sofridos, em média, entre dois a seis anos.
Apesar do período de vitimação continuada ter vindo a decrescer, ainda
existe uma parcela elevada de vítimas (15, 7%) que silenciam denúncias ao longo
de 25 anos e até mais.
Desde o dia 1 de janeiro, a PSP e a GNR efetuaram cerca de 50
mil avaliações e reavaliações de risco de vítimas de violência doméstica. De
acordo com um comunicado enviado ontem pelo Ministério da Justiça, entre
janeiro e setembro de 2016, foram aplicadas pelos tribunais 423 medidas de
proibição de contacto entre agressor e vítima, fiscalizadas por vigilância
eletrónica. Em setembro, existiam 505 indivíduos monitorizados.
“O pingo da torneira
incomoda? E a violência na casa ao lado? Vai ignorar até quando?”
Esta campanha, lançada hoje pelo Governo, pretende chamar a
atenção de todos os cidadãos para que sejam mais ativos contra a violência.
Quando a torneira pinga temos tendência a fechá-la porque nos incomoda. Perante
um episódio de violência doméstica, não se pode fingir que não se passa nada.
domingo, 20 de novembro de 2016
Dia Universal dos Direitos da Infância
Foi a 20 de novembro
de 1959 que se proclamou mundialmente a Declaração dos Direitos das Crianças e
foi a 20 de novembro de 1989 que a ONU adotou a Convenção sobre os
Direitos da Criança.
Apesar dos progressos
significativos alcançados para as crianças nas últimas décadas, perto de seis milhões de crianças continuam a morrer
anualmente de causas evitáveis - e as crianças dos agregados familiares
mais pobres têm duas vezes mais probabilidades de morrer antes dos cinco anos
do que as crianças de meios mais ricos. - denuncia a UNICEF
Perto de 50 milhões de crianças foram obrigadas a abandonar as suas
casas e estão agora desenraizadas - das quais 28 milhões deslocadas por
conflitos. Os direitos das crianças encurraladas em zonas sob
cerco — nomeadamente na Síria, no Iraque e no norte da Nigéria — estão ainda
mais ameaçados, pois as suas escolas, hospitais e casas têm sido alvo de
ataques. A nível global, perto de 250 milhões
de crianças vivem em países afetados por conflitos.
Quase 385 milhões de crianças vivem na pobreza extrema e mais de
250 milhões de crianças em idade escolar não estão a aprender. Perto
de 300 milhões de crianças vivem em zonas com
os níveis tóxicos de poluição do ar mais elevados - seis vezes
superior aos valores definidos internacionalmente.
De acordo com
o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), há cerca de 4 milhões de crianças refugiadas sem
acesso à educação. Só na Síria há mais de 2 milhões de crianças que não vão à escola por causa da guerra.
Segundo o Relatório divulgado em Setembro, a probabilidade dos refugiados não frequentarem a escola
é cinco vezes mais elevada do que a média mundial de crianças sem acesso à
educação.
"Isto representa
uma crise para milhões de crianças refugiadas", disse Filippo Grandi,
Alto Comissário da ONU para os Refugiados. "A educação para os refugiados é dolorosamente negligenciada, quando de
facto é uma das poucas oportunidades que temos para transformar e construir a
próxima geração para que possam mudar as dezenas de milhões de pessoas
deslocadas à força em todo o mundo".
Comparando os dados do
ACNUR com os da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura) relativos às matrículas escolares, percebe-se que apenas 50% das
crianças refugiadas vão à escola primária, quando a média mundial é de 90%. Quanto mais crescidos,
maior o fosso: 22% dos adolescentes refugiados frequentam a escola secundária
contra a média mundial que é de 84%; e só 1% vai à universidade,
comparativamente com os 34% a nível mundial.
O ACNUR destaca que há
cada vez mais refugiados que são menores de idade, alertando que a tendência é
de crescimento. A agência da ONU recorda
que os refugiados vivem, com muito frequência, em lugares onde os governos já
têm problemas para poder oferecer educação às suas próprias crianças, pelo que
a logística e os recursos para os refugiados implica esforços adicionais. Mais de metade das
crianças refugiadas que não vão à escola encontra-se em sete países: Chade,
República Democrática do Congo, Etiópia, Quénia, Líbano, Paquistão e Turquia.
domingo, 13 de novembro de 2016
Alfredo Bruto da Costa (1938-2016): o sonho de um mundo sem pobreza
“Discordo
da frase ‘não dês o peixe, dá a cana’. Se só deres o peixe, ele só comerá hoje.
Se, além do peixe, deres a cana, ele comerá hoje e o resto da vida. Não vale de
nada dar uma cana a alguém que está com tanta fome que não pode sequer
levantar-se para chegar ao rio para pescar.” - Alfredo Bruto da Costa
Bruto da Costa, que dedicou a vida ao combate à
pobreza, morreu na passada sexta-feira, com 78 anos. Doutorado em Sociologia, esteve
à frente da Comissão Nacional de Justiça e Paz e ocupou vários cargos públicos. Realizou vários estudos e trabalhos sobre pobreza e
exclusão social e fazia parte de um grupo de trabalho dinamizado pela EAPN-Rede
Europeia Antipobreza/Portugal, que delineou um roteiro para uma Estratégia
Nacional de Erradicação da Pobreza.
Esta foi uma das suas últimas lutas. “Nós sabemos quem são os pobres em Portugal. O
problema é termos procurado combater a pobreza sobretudo de forma pontual.
Pontual e dispersa”, disse, na apresentação pública do roteiro, em Setembro
de 2015 e desafiou a “um compromisso para
uma estratégia nacional de combate à pobreza, que desse consistência a uma ação
que visasse não apenas reduzir o sofrimento do pobre, o que é certamente
necessário, mas também ajudá-lo a libertar-se da pobreza”.
“Que caminho tem seguido a política
económica que leva a que existam 40% de pobres que têm trabalho? Ou decidimos
que vamos crescer primeiro para distribuir depois, ou das várias maneiras de
crescer escolhemos a que assegura o crescimento com uma melhor distribuição.
Tem-se provado que a primeira não acontece. Há décadas que se espera o dia em
que já crescemos o suficiente para distribuir.”
“Chamo pobreza a uma situação de
privação por falta de recursos. Privação é alguém não ter as suas necessidades
básicas satisfeitas, por não ter recursos ou por outras razões, por ser
toxicómano, por exemplo, ou por não saber gerir os seus bens. Ora, as soluções
para estes dois casos são completamente diferentes. Num, é preciso ajudar a
pessoa a ter recursos, no outro, é preciso ajudar a gerir os recursos que tem.
A privação precisa de uma resposta imediata. Não se pode dizer a uma pessoa que
tem fome: “tire um curso de formação profissional, arranje um emprego e depois
coma.”
“A pobreza só se resolve quando o pobre
ganha autonomia. A pobreza é uma das formas de exclusão social, mas há outras:
o isolamento pode afetar idosos ricos, excluídos da sociedade, não por falta de
recursos. Não se encontram novas formas de pobreza, há novas formas de exclusão
social: dos idosos, dos imigrantes, dos portadores de doenças psiquiátricas,
onde se incluem os toxicodependentes, alcoólicos, doentes mentais e outros
comportamentos destrutivos como a prostituição.”
VER MAIS AQUI
terça-feira, 8 de novembro de 2016
III Encontro de Movimentos Populares
“Os
bancos são salvos, mas não as pessoas. É a bancarrota da humanidade”, afirma o
Papa Francisco aos movimentos populares
No passado
sábado, dia 5 de Novembro, o Papa Francisco recebeu os mais de 3 mil participantes de 60
países, em representação dos movimentos populares.
No discurso de encerramento, o Papa
Francisco comparou o tratamento que o sistema capitalista destina aos bancos com
o que é dispensado aos refugiados, que são uma emergência planetária: "O que acontece no mundo de hoje quando
ocorre a bancarrota de um banco: imediatamente aparecem somas escandalosas para
salvá-lo. Mas quando acontece esta bancarrota da humanidade não existe sequer
uma milésima parte para salvar estes irmãos que sofrem tanto? E assim o
Mediterrâneo transformou-se num cemitério e não somente o Mediterrâneo…muitos
cemitérios próximos dos muros, muros manchados de sangue inocente. Quem vê os olhos das crianças que encontramos nos
campos de refugiados é capaz de reconhecer imediatamente, na sua totalidade, a ‘bancarrota’
da humanidade”.
Retomou uma formulação da sua
Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (Alegria
do Evangelho), para afirmar que "enquanto
não se resolverem radicalmente os problemas dos pobres, renunciando à autonomia
absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas
estruturais da iniquidade, não se resolverão os problemas do mundo e
definitivamente, nenhum problema. A iniquidade é a raiz dos males sociais".
O Papa apresentou um verdadeiro
programa que poderia unificar os movimentos populares em todo o planeta "para caminhar em direção a uma alternativa
humana diante da globalização da indiferença:
1. Colocar a economia ao
serviço dos povos
2. Construir a paz e a
justiça
3. Defender a Mãe Terra."
E detalhou este programa que se deveria
nortear pelos seguintes princípios: "trabalho
digno para aqueles que são excluídos do mercado de trabalho; terra para os
agricultores e as populações indígenas; casa para as famílias sem-teto;
integração humana para os bairros populares; eliminação da discriminação, da
violência contra as mulheres e das novas formas de escravidão; o fim de todas
as guerras, do crime organizado e da repressão; liberdade de expressão e de
comunicação democrática; ciência e tecnologia ao serviço dos povos."
Denunciou a ligação entre o governo do
dinheiro e o terrorismo: "Quem
governa então? O dinheiro. Como governa? Com o chicote do medo, da
desigualdade, da violência económica, social, cultural e militar que gera
sempre mais violência numa espiral descendente que parece não acabar nunca.
Quanta dor, quanto medo! Existe um terrorismo de base que deriva do controle
global do dinheiro sobre a terra e ameaça toda a humanidade. Deste terrorismo
de base se alimentam os terroristas derivados como o narcoterrorismo, o
terrorismo de Estado e aquele que alguns erroneamente chamam terrorismo étnico
ou religioso. Nenhum povo, nenhuma religião é terrorista. É verdade, existem
pequenos grupos fundamentalistas em todas as partes. Mas o terrorismo inicia
quando é expulsa a maravilha da criação, o homem e a mulher, e colocado ali o
dinheiro. Tal sistema é terrorista."
Ver AQUI na íntegra o discurso do Papa Francisco aos Movimentos Populares
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
ACORDO DE PARIS
Dia 4 de Novembro - entrou em vigor o Acordo de Paris contra a mudança
climática.
O que é isso de mudança
climática?
As concentrações dos gases de efeito de estufa na atmosfera, principalmente o dióxido de
carbono, resultantes sobretudo da queima de
combustíveis fósseis (carvão e petróleo), estão a aumentar desde a Revolução
Industrial, formando uma espécie de estufa sobre o Planeta, responsável pelo
aumento da temperatura global. O ano de 2015 foi o mais quente desde que há
registos e os primeiros oito meses de 2016 foram-no ainda mais.
“O
impacto das alterações climáticas irá comprometer gravemente a produção
alimentar em países e regiões que já enfrentam uma alta insegurança alimentar.
Se nada for feito, estima-se que a população a viver em pobreza registe um
aumento entre 35 a 122 milhões até 2030, devido, sobretudo, aos impactos
negativos do aquecimento global no setor agrícola” – denuncia a Organização
para a Alimentação e a Agricultura. Os mais afetados serão as populações nas zonas mais
pobres da África subsariana, e do Sul e Sudeste Asiático, especialmente os que
dependem da agricultura para viver.
Segundo um
estudo publicado pela revista Science, caso sejam
mantidos os atuais níveis de emissão, um terço da Espanha vai tornar-se numa
paisagem tão árida como o deserto de Tabernas, em Almería. A região do
Mediterrâneo sofre um aquecimento superior à média. Enquanto a temperatura
média do planeta subiu 0.85oC desde a
Revolução Industrial, no Mediterrâneo o aumento foi de 1.3oC, no mesmo período. O ecossistema mediterrâneo
atual só poderá ser preservado se o aumento médio de temperatura ficar abaixo
de 1.5oC.
Um passo em
frente
O Acordo, assinado
por 195 países em Dezembro de 2015 e já retificado por mais de 90, prevê uma série de mecanismos e processos para limitar o
aquecimento global até ao máximo de 2°C antes do final deste século, para
evitar consequências catastróficas. Entre
os países que já ratificaram o acordo estão os maiores poluidores, como China, EUA e Índia.
O objetivo é reduzir
o risco de maior frequência e gravidade de tempestades, secas prolongadas e
severas, subida do nível do mar, redução significativa da produção agrícola (em
média 20%, mas em muitos países muito mais acentuada), escassez de água e
outras consequências graves.
“O acordo vai obrigar a uma revolução do sistema energético global,
atualmente assente na queima de combustíveis fósseis, que dentro de duas a três
décadas terá de basear-se fortemente em fontes renováveis", explica Francisco Ferreira, presidente da
associação ambientalista Zero, sublinhando que
"essa revolução terá um grande
impacto no nosso estilo de vida, na utilização dos recursos e no consumo".
A par "dos objetivos para o
desenvolvimento sustentável o acordo vai mudar profundamente o nosso
relacionamento como sociedade e com o planeta".
O último relatório do
Programa das Nações Unidas para o Ambiente avisa: o Acordo de Paris ajuda a
moderar as alterações climáticas, mas, se não tomarmos já medidas adicionais, a
começar na Conferência de Marraquexe – COP22 - (que decorre entre os dias 7 e 18
de Novembro em Marrocos), teremos de continuar a lamentar muitas tragédias
humanas evitáveis.
Before the Flood: para VER e DEBATER:
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Grécia em 2016: pessoas vulneráveis deixadas para trás
Sete meses após a assinatura do acordo entre União
Europeia (UE) e Turquia e, apesar da enorme quantidade de fundos prometidos
pela UE, mais de 50 mil migrantes e refugiados ainda vivem em condições muito precárias
na Grécia e não têm acesso adequado a cuidados de saúde. A organização
humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está especialmente
preocupada com os mais vulneráveis, incluindo vítimas de violência, pessoas com
doenças crónicas e distúrbios psiquiátricos, pessoas com limitações de
mobilidade, menores (não acompanhados), gestantes e recém-nascidos, cujas
necessidades específicas não são atendidas e cuja saúde está particularmente em
risco. MSF faz um apelo para que as autoridades gregas ajam de acordo com as
suas responsabilidades em termos de assistência a uma população em perigo no
seu próprio território e que ofereçam, com o apoio dos Estados-membros da UE,
uma resposta adequada com base nas necessidades individuais e não apenas nas
nacionalidades das pessoas.
No relatório “Grécia
em 2016: pessoas vulneráveis deixadas para trás”, MSF destaca as lacunas do
sistema atual, em que as pessoas vulneráveis não são devidamente identificadas
e não recebem proteção e cuidados adequados. “É espantoso que, sete meses após
o acordo entre UE e Turquia, pessoas vulneráveis ainda não sejam adequadamente
atendidas na Grécia. Os centros de receção e de trânsito nas ilhas estão com
lotação muito acima de sua capacidade, e os serviços nos principais
acampamentos do país estão abaixo do padrão”, diz Loic Jaeger,
coordenador-geral de MSF na Grécia. “A resposta financeira da UE é muito lenta
e o sistema de saúde pública na Grécia está sobrecarregado. Consequentemente,
as pessoas mais vulneráveis ficam sem os cuidados de que necessitam
urgentemente.”
Equipas de MSF, que testemunharam o sofrimento das
pessoas a viverem em tendas no inverno passado, manifestam a sua preocupação
com a falta de planeamento para a estação fria deste ano. “Há meses que ouvimos
falar dum plano nacional, mas as pessoas ainda vivem em tendas no norte da
Grécia, onde a temperatura já caiu para 5°c. Como pode a Europa deixar essas
pessoas ao frio mais um inverno?”
A falta de vontade ou a incapacidade do governo grego
de assumir a liderança e assegurar a cooperação adequada com outros atores está
tendo um sério impacto sobre a qualidade e a velocidade da resposta à crise de
migrantes e refugiados. Da mesma forma, a negligência deliberada da UE e de
seus Estados-membros na implementação de um sistema de relocação eficiente para
aqueles que buscam segurança e proteção está prolongando e intensificando o
sofrimento. MSF faz um apelo à UE e às autoridades gregas para que respondam
imediatamente às necessidades dos mais vulneráveis e facilitem canais legais e
seguros para aqueles que estão aptos a participar no processo de relocação sejam
rapidamente recebidos noutros locais da Europa.
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