segunda-feira, 13 de junho de 2016


O trabalho infantil é uma realidade para 168 milhões de crianças em todo o mundo: 99 milhões no setor agrícola e os restantes em atividades como a extração mineira, a manufatura e o turismo. Na África subsaariana 25% das crianças de idade compreendida entre 5 e 14 anos, já trabalham; na Ásia meridional são 12%, ou seja 77 milhões de crianças. No Paquistão, 88% das crianças entre 7 e 14 anos que não vão à escola, trabalham. No Bangladesh são 48% e na Índia, 40% – dados da UNICEF

Componentes eletrónicos


A Amnistia Internacional denuncia: a extração do cobalto nas minas do Congo, para produzir as baterias de dispositivos eletrónicos de grandes empresas de tecnologia, como a Apple, Samsung e Sony, deve-se em grande parte à exploração do trabalho infantil. Segundo a UNICEF, pelo menos 40 mil crianças são exploradas nas minas do Congo.
Segundo as organizações de defesa dos Direitos Humanos, as principais marcas internacionais de tecnologia estão a deixar de fazer verificações básicas para garantir que o cobalto extraído por crianças, na República Democrática do Congo, não seja usado nos seus produtos, nomeadamente baterias de telemóveis, de computadores portáteis e de carros elétricos. Milhões de pessoas no mundo inteiro gozam dos benefícios das novas tecnologias mas raramente se questionam como é que são feitas.

Plantações de tabaco


As plantações de tabaco na Indonésia, que fornecem centenas de marcas ocidentais, empregam milhares de crianças em condições perigosas para a sua saúde, denuncia a organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch que cita dezenas de casos de menores que ficaram doentes depois de terem manuseado folhas de tabaco ou pesticidas, sem proteção.
Milhares de crianças da Indonésia, no Brasil e nos Estados Unidos, algumas com apenas oito anos de idade, estão a trabalhar em condições perigosas nos campos de cultivo de tabaco e respetivas fábricas, com o conhecimento e sob um manto de silêncio das autoridades e das multinacionais tabaqueiras que compram o produto.


Chocolate


A produção de chocolate esconde, muitas vezes, uma verdade literalmente amarga. Empresas famosas - como a Mars, a Nestlé e a Hershey, entre outras - financiam o trabalho escravo de crianças na África Ocidental, de onde provêm dois terços do cacau utilizado no mundo, para a produção de seus chocolates.
Na Costa do Marfim, mais de 4 mil crianças são forçadas a trabalhar na produção de cacau. Algumas são vendidas a traficantes pelos pais desesperados por causa da pobreza em que vivem, enquanto outras são sequestradas. Os comerciantes de escravos vendem as crianças aos donos das plantações de cacau.
As crianças são forçadas a viver em lugares isolados, são ameaçadas com espancamentos, ficam presas durante a noite para que não fujam e são forçadas a trabalhar por longas horas – entre 80 a 100 horas por semana de acordo com as denúncias apresentadas às empresas. 
Para além do cultivo e da colheita, elas também carregam enormes sacos  que colocam em risco a sua saúde. A idade das crianças varia entre os 11 e os 16 anos, mas também são encontradas crianças com idade inferior a 10 anos.


Indústria Textil


A Organização Internacional do Trabalho denuncia o recurso à mão-de-obra infantil na indústria têxtil e do vestuário a nível mundial, com centenas de milhões de crianças, das mais diferentes origens, envolvidas nesta atividade. Revela também os 18 países  onde  o trabalho infantil é utilizado na produção de algodão e 9 países onde a mão-de-obra infantil é canalizada para o fabrico de vestuário. Entre os países assinalados, destacam-se a Argentina, Brasil, China, Egito, Índia, Paquistão, Paraguai, Turquia, Bangladesh, Jordânia, Malásia, Vietname e Tailândia. 
Na Índia, 60% dos trabalhadores rurais de sementes de algodão são crianças com menos de 18 anos, o que dá um número de quase meio milhão. A realidade dessas meninas e meninos é terrível. Longas jornadas de trabalho (uma média de 72 horas por semana),  horas extras forçadas, salários miseráveis, circulação restrita, acompanhamento constante, abuso verbal e condições de trabalho precárias, sem qualquer proteção.

Princípio 9º da Declaração Universal dos Direitos da Criança

A criança gozará de proteção contra quaisquer formas de negligência, crueldade e exploração. Não será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma. Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente; de nenhuma forma será levada a, ou ser-lhe-á permitido, empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou moral.


Sem comentários:

Enviar um comentário