terça-feira, 22 de março de 2016

A água quando nasce ainda não é para todos


Sabina é uma mãe extremosa, que tenta manter o seu bebé sempre limpinho e que lhe canta suavemente enquanto o embala. Sabina é também uma dona de casa dedicada, com o máximo de cuidado possível com o que diz respeito à higiene do seu lar e da roupa da família. Sabina sabe que o marido gosta de comer, portanto todos os dias é ela que lhe prepara as refeições a tempo e horas. Para que tudo isto seja possível, Sabina tem uma tarefa diária extra: caminhar cerca de 3 quilómetros, duas vezes por dia, para conseguir ir buscar água ao rio. Transporta-a depois às costas até casa, seguindo sempre sozinha ou acompanhadas por outras mulheres e meninas da aldeia por caminhos recônditos onde tudo pode acontecer, desde um roubo a uma violação. Desde os seus dez anos que o faz. Em casa nunca houve torneiras ou sanita, quanto mais água potável.


Lembro-me de há uns anos ter visto este vídeo intitulado “Walking in Sabina’s Shoes” e lembrei-me novamente dele quando há uns dias me chegou aos escritório um bidão de 20 litros de água enviado pela We Are Water Foundation, uma organização que tem como missão consciencializar o mundo para este verdadeiro drama. O tal bidão que me fizeram chegar tem muito de igual ao que inúmeras pessoas mundo fora transportarem diariamente às costas ou na cabeça, em zonas onde a água é potável é uma verdadeira miragem. Acreditem: quando cheio de água, é bem pesado. As mulheres e as meninas são as principais responsáveis por este transporte de água, uma vez que o seu fim é em grande parte para fins domésticos. Mulheres e meninas que sacrificam uma boa parte do seu dia a carregar pesos atrozes nos seus corpos franzinos e que, obviamente, acabam por ver as suas vidas confinadas a estas tarefas.
Hoje, em plano Dia Mundial da Água, as Nações Unidas e a We Are Water Foundation lembram os milhões de raparigas que gastam várias horas por dias para recolher água, algo que as impede, por exemplo, de ir à escola. Ou de algum dia terem acesso ao mundo laboral. Situação que tem um impacto altamente negativo não só no rumo das suas vidas individualmente, como também no desenvolvimento de inúmeras comunidades e países mundo fora.

Fonte: Expresso (ver mais)

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