terça-feira, 17 de outubro de 2017

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

A miséria não é uma fatalidade, tem causas que devem ser reconhecidas e removidas


O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza foi instituído pelas Nações Unidas para consciencializar sobre a necessidade de erradicar a pobreza e a miséria em todo o mundo.

A ONU oficializou esta data em 1992, mas a sua origem remonta a 17 de outubro 1987, quando cem mil pessoas, guiadas pelo Padre Joseph Wresinski, se reuniram no Trocadéro, em Paris, onde foi assinada a Declaração dos Direitos do Homem, para defender os direitos humanos de cada país, condição e origem.

O Padre Wresinski sintetizou o sentido desta data com estas palavras: “Onde os homens são condenados a viver na miséria, os direitos do homem são violados. Unir-se para que sejam respeitados é um dever sagrado”.

A erradicação da pobreza e da fome é um dos oito objetivos de desenvolvimento do milénio, definidos no ano 2000 por 193 países membros das Nações Unidas e por várias organizações internacionais.

 “Ouçamos o grito de tantos irmãos nossos marginalizados e excluídos: ‘Tenho fome, sou estrangeiro, estou nu, doente, recluso num campo de refugiados. É um pedido de justiça, não uma súplica ou um apelo de emergência. É necessário que a todos os níveis se dialogue de maneira ampla e sincera, para que sejam encontradas as melhores soluções e se amadureça uma nova relação entre os diversos atores do cenário internacional, caracterizada pela responsabilidade recíproca, a solidariedade e a comunhão. O jugo da miséria gerado pelos deslocamentos muitas vezes trágicos dos emigrantes pode ser eliminado mediante uma prevenção consistente em projetos de desenvolvimento que criem trabalho e capacidade de resposta às crises ambientais. É verdade, a prevenção custa muito menos que os efeitos provocados pela degradação das terras ou a contaminação das águas, flagelos que açoitam as principais regiões do planeta, onde a pobreza é a única lei, as doenças aumentam e a expectativa de vida diminui” – do discurso do Papa Francisco na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.


Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística referem que, em 2016, havia 2595 milhões de portugueses (25,1%) em risco de pobreza ou exclusão social. Uma em cada quatro pessoas estava em risco de pobreza e exclusão social.

Em comunicado para este dia, a Cáritas Portuguesa refere: “Que temos feito para a erradicação da pobreza, de maneira sistemática e radical? Limitamo-nos a chamar a atenção para duas lacunas graves, entre outras, que parecem invencíveis: a recusa de conhecimento corresponsável da pobreza no país, e ausência de atuação sistemática nas suas causas. Em mais de dois mil anos de existência do cristianismo, que tem no seu centro o tema dos pobres, vemos que as instituições e comunidades cristãs procedem como se não conhecessem os pobres existentes em cada localidade e no país: não procedem ao conhecimento estatístico, resultante do contato direto de proximidade e ajuda; não refletem regularmente sobre este assunto, visando soluções assistenciais e estruturais; e não assumem compromissos que visem não só o atendimento de cada pessoa pobre mas também a erradicação gradual e sistemática da pobreza.”

Organizações do setor social reconhecem que "melhorou uma coisa aqui, ou acolá, houve quem conseguisse empregar-se, mas são empregos tão inseguros e mal pagos que não dá para sair da pobreza. Ainda há pessoas em Portugal que só comem uma vez por dia. Enquanto as respostas não atingirem as causas geradoras, a pobreza pode ser minorada, mas não erradicada, porque a estrutura que a alimenta e produz mantém-se igual".


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