terça-feira, 30 de maio de 2017

NÃO à mineração, SIM à vida



El Salvador, o menor e um dos mais pobres países da América Latina, tomou uma decisão histórica: tornou-se no primeiro país do mundo a proibir a exploração mineira no seu território, argumentando que é uma atividade prejudicial ao ambiente e à saúde pública.

"Nenhuma instituição, norma, ato administrativo ou resolução pode autorizar a prospeção, a exploração, a extração ou o tratamento de produtos mineiros metálicos em El Salvador", diz a lei aprovada pelo parlamento, no passado mês de Março.

De acordo com as Nações Unidas, El Salvador é o segundo país com maior deterioração ambiental do hemisfério ocidental, bem como o mais desflorestado da América Latina, com apenas 1% da zona florestal original intacta. Mais de 90% da água está contaminada por químicos tóxicos, metais pesados e matéria residual, o que significa que tem o nível mais baixo de água potável per capita da América Central. 

Estes números ajudam a explicar a opinião maioritária de 80% população contra a exploração mineira, com 77% a exigirem medidas por parte do governo. 


A proibição inclui a exploração, a extração e o processamento, tanto a céu aberto quanto subterrâneo e estende-se ao uso de substâncias químicas tóxicas, como o cianeto e o mercúrio.

A votação da assembleia legislativa, em 29 de março, foi o culminar de uma campanha que durou cerca de 10 anos e envolveu dezenas de associações ambientalistas, movimentos sociais, associações de agricultores, a Igreja Católica salvadorenha e a Universidade Centro-Americana.

Em apoio do projeto de lei agora aprovado, foram recolhidas mais de 30.000 assinaturas, que foram entregues aos deputados pelo arcebispo de San Salvador e presidente da Conferência Episcopal do país, Escobar Alas.

Segundo o arcebispo, a Igreja tinha pedido a proibição da mineração “em total acordo com a encíclica Laudato Si’, e juntamente com as comunidades mais empobrecidas diretamente ameaçadas pela mineração. Em nosso pequeno e densamente povoado país, a mineração contamina as águas e causa um dano irreparável ao meio ambiente, à fauna e flora e, de forma mais séria, à vida e saúde das pessoas”.

O tema uniu os bispos de El Salvador, para quem os projetos de mineração “rompem o tecido social em regiões onde estão assentados e quando as empresas saem do local, a área fica mais pobre do que era antes, desolada ambientalmente, em ruína física e moral. É injusto arriscar a saúde das pessoas e danificar o meio ambiente para que umas poucas pessoas que não moram aqui possam ficar com 97% dos lucros e nos deixar com 100% do cianeto”.

A principal corporação mineira a operar no país, a canadiana OceanaGold, pediu uma compensação de milhões de dólares por o governo do país ter recusado uma autorização para escavar ouro.

Ouro ou Água?


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