quarta-feira, 11 de março de 2015

“O aumento da pobreza e das desigualdades – são necessários modelos sociais justos para a solução" - Relatório da crise, 2015 

O relatório da Cáritas Europa sobre o impacto humano que as políticas de austeridade estão a ter sobre as pessoas na União Europeia (UE) revela níveis preocupantes de pobreza e privação nos sete países mais afetados pela crise económica: Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Espanha. A UE continua a enfrentar a crise em curso centrando-se principalmente sobre as políticas económicas em detrimento das políticas sociais. O fracasso na resposta, concreta e à escala necessária, para ajudar os que apresentam dificuldades, proteger os serviços públicos essenciais e criar emprego, é o principal fator para o prolongamento da crise. O relatório descreve uma Europa injusta, onde os riscos sociais estão a aumentar, os sistemas sociais estão a ser reduzidos, os indivíduos e as famílias estão sob tensão, a coesão social está a desaparecer e a confiança das pessoas nas instituições políticas é cada vez mais fraca. Com este relatório, a Cáritas Europa desafia fortemente o discurso oficial, segundo o qual, o pior da crise económica já passou. A crise ainda não acabou. As opções políticas atuais estão a ter um impacto extremamente negativo sobre as pessoas mais vulneráveis.
Também a Cáritas Portuguesa divulgou os dados referentes a 2014 tendo registado 21.549 novos casos de pessoas em situação de pobreza, um aumento de 15,4% face a 2013. Foram apoiadas 160.608 pessoas, uma média de 440 por mês, e 63.059 famílias, um aumento de 19% face ao ano anterior. Os principais motivos que levam as pessoas e as famílias a solicitarem ajuda são os reduzidos rendimentos e as questões relacionadas com o trabalho. As dívidas com água, gás e alimentação representaram 35% dos atendimentos. O desemprego, o emprego clandestino, o trabalho precário, os salários baixos ou em atraso  totalizaram 23% dos apoios dados. Para Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas, as medidas tomadas pelo governo penalizaram fortemente uma parte da sociedade portuguesa e todo o programa de austeridade foi mal programado. Aumentou em mais de 40% os portugueses que vivem com menos de 2 euros por dia, ou seja, abaixo do limiar da pobreza. Uma situação que se agravou de 2013 para 2014, consequência de uma austeridade mal distribuída. 

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