2016 foi o pior ano para as crianças
da Síria. Nunca o sofrimento foi tão grande.
As violações graves dos direitos das
crianças na Síria atingiram em 2016 o número mais elevado de que há registo –
são estas as conclusões da UNICEF numa análise preocupante sobre o impacto do
conflito nas crianças, no momento em que a guerra chega ao fim do seu sexto ano
consecutivo. Os casos confirmados de morte, mutilação e recrutamento de
crianças aumentaram significativamente no ano passado, com a escalada de
violência em todo o país.
Desde o início do conflito, que esta
semana entra no sétimo ano consecutivo, cerca de 2,3 milhões de menores já
terão fugido da Síria. Segundo a UNICEF, os mais vulneráveis, cerca de 2,8
milhões, estão encurralados em áreas de difícil acesso e pelo menos 280 mil
estão a viver sob cerco.
“O
nível de sofrimento não tem precedentes. Milhões de crianças na Síria estão
permanentemente sob a ameaça de ataques, as suas vidas estão totalmente viradas
do avesso. Todas estas crianças ficam marcadas para o resto da vida com
consequências terríveis para a sua saúde, bem-estar e futuro.” – refere Geert
Cappelaere, Diretor Regional da UNICEF para o Médio Oriente e Norte de África.
As dificuldades de acesso em diversas
zonas da Síria não permitem avaliar a verdadeira dimensão do sofrimento das
crianças, nem fazer chegar com a devida urgência assistência humanitária às crianças
mais vulneráveis. Para além das bombas, das balas e das explosões, as crianças
estão a morrer em silêncio, muitas vezes de doenças que poderiam ser facilmente
evitáveis. O acesso a cuidados médicos, bens de primeira necessidade e outros
serviços básicos contínua difícil.
No interior da Síria e
além-fronteiras, as alternativas para lidar com a situação estão a esgotar-se,
o que leva as famílias a adotar medidas extremas para sobreviver, empurrando muitas
vezes as crianças para o casamento precoce e o trabalho infantil. Em mais de
dois terços dos agregados familiares há crianças a trabalhar para ajudarem as
famílias, algumas em condições muito duras, até mesmo para adultos.
2016
EM NÚMEROS
Pelo menos 652
crianças foram mortas – um aumento de 20 por cento em relação a 2015 – o que
faz de 2016 o pior ano para as crianças da Síria desde o início da verificação
formal das mortes de crianças (2014)
255 crianças
foram mortas numa escola ou nas suas imediações
Mais de 850
crianças foram recrutadas para combater no conflito, mais do dobro do das que
foram recrutadas em 2015. As crianças estão a ser usadas e recrutadas para
combater diretamente nas linhas da frente e participam cada vez mais ativamente,
incluindo em casos extremos de execuções, como bombistas suicidas ou guardas
prisionais
Foram
registados pelo menos 338 ataques contra hospitais e pessoal de saúde
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