Refugiados e migrantes vítimas de
abusos, exploração e tráfico de orgãos
Os refugiados que não têm dinheiro
para pagar aos traficantes para atravessarem o Mediterrâneo até território
europeu, são vendidos para tráfico de orgãos a grupos, em particular de
egípcios, que estão preparados para a recolha e comercialização de orgãos
humanos. As autoridades italianas desmantelarem uma rede transnacional de
tráfico humano, com a detenção de 38 traficantes envolvidos.
Também a Amnistia Internacional divulgou diversos relatos de
violência sexual, mortes, tortura e perseguição religiosa cometidos por
contrabandistas e traficantes de pessoas, grupos de crime organizado e grupos
armados, ao longo das rotas de migração para a Líbia e mesmo já no próprio país.
Desde raptos, encarceramentos ao longo de meses, abusos sexuais e espancamentos,
os refugiados e migrantes descreveram com pormenores angustiantes os horrores
que foram forçados a viver na Líbia enquanto tentavam desesperadamente escapar
para a Europa. Centenas de milhares de refugiados e migrantes –
maioritariamente oriundos da África subsariana – fazem a viagem até à Líbia em
fuga de guerras, perseguição ou de pobreza extrema, frequentemente acalentados
pela esperança de conseguirem instalar-se na Europa. A Organização
Internacional para as Migrações estima que se encontram atualmente mais de 264 mil
migrantes e refugiados na Líbia.
Pedidos de asilo na Europa em 2015
bateu recorde
O relatório do Gabinete Europeu de
Apoio ao Asilo revela que que nunca tantos migrantes pediram proteção
internacional na Europa: 1.392.155 pessoas só em 2015, mais 110% que em 2014.
Mas nem metade conseguiu uma resposta. Cerca de 240 mil receberam estatuto de
refugiado, 60 mil proteção subsidiária e 27 mil proteção humanitária, a maioria
sírios, apátridas e eritreus. O ano de 2015 acabou com mais de um milhão de
processos sem decisão. O plano de recolocação criado de urgência pela União
Europeia e que propunha transferir de Itália e da Grécia mais de 160 mil
requerentes de proteção, mal avançou. E mesmo em 2016 continua-se aquém das
expetativas: até ao início de Julho, os países membros apenas tinham recebido
2.030 migrantes; Portugal acolheu 335 refugiados, o segundo país mais
participativo, só suplantado pela França.
Índice Global da Escravatura / 2016
Segundo o relatório
elaborado pela Fundação Walk Free, com sede na Austrália, mais de 45 milhões de
pessoas estão sujeitas a uma qualquer forma de escravatura em todo o mundo. O conceito de
escravatura moderna implica o controlo ou posse de uma pessoa, retirando-lhe a
sua liberdade individual, com intenção de a explorar. As pessoas são
escravizadas através de redes de tráfico humano, trabalho forçado, servidão por
dívidas, casamento forçado ou exploração sexual. São muitas as pessoas
recrutadas por falsas ofertas de trabalho a quem são retirados os documentos
para não as deixar partir.
Dos 167 países do mundo analisados pelo relatório, os que têm um
maior índice de prevalência de escravatura são: Coreia
do Norte, Uzbequistão, Camboja, Índia, China, Paquistão, Bangladesh, Rússia,
Nigéria, República Democrática do Congo e Indonésia. Muitos destes países
produzem com o mais baixo custo bens de consumo para abastecer os mercados da
Europa Ocidental, Japão, América do Norte e Austrália. Portugal regista uma
taxa de 0,123% , que corresponde a 12.800 pessoas.
Diversos fatores, como guerras, desastres naturais e tráfico de
pessoas, têm gerado, nos últimos anos, números sem precedentes de deslocados,
refugiados e migrantes, o que aumentou significativamente o número de pessoas
vulneráveis no contexto da escravatura moderna. Segundo as estimativas
apresentadas no documento, a Ásia, a região mais populosa do mundo, representa
quase dois terços do total de pessoas vítimas de escravatura moderna, uma vez
que recruta maioritariamente mão-de-obra sem qualquer especialização para enormes
cadeias de produção.
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