O número de idosos a viver sozinhos, isolados ou em situação de vulnerabilidade em Portugal quase triplicou nos últimos cinco anos, segundo os dados dos Censos Sénior recolhidos pela GNR. O estudo, realizado no mês de Abril de 2016 em todo o território nacional, apurou que o número de idosos sinalizados nestas condições aumentou de 15.596, em 2011, para 43.322 este ano. Dos idosos sinalizados, 60% vivem sozinhos e 11% habitam isolados da comunidade. Mais de 50% são mulheres. Mais de 20% está em situação de vulnerabilidade fruto de limitações físicas e/ou psicológicas. São mais de 9600 pessoas nestas condições. Estes valores aumentaram quase 10% em relação a 2015. Foram ainda sinalizadas 600 idosos portadores de deficiência, 166 das quais a viver sozinhos, 38 a viver isolados e 33 que habitam sozinhos e isolados da comunidade.
Viseu, Guarda e Vila Real encabeçam a
lista de distritos com mais idosos sinalizados a viver em situação de isolamento
ou solidão. O maior aumento, no entanto, foi registado no distrito de Faro, que
aumentou quase 65% em relação a 2015, tendo agora 3048 idosos sinalizados.
Segue-se Leiria, em menor escala, com um aumento considerável de cerca de 60%,
de 822 para 1380 idosos identificados em 2016.
Violência contra os idosos
Apesar de não haver grandes estudos
sobre este assunto, os dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) relativos a 2015
mostram uma subida no número de denúncias: mais de dois casos por dia contra
vítimas com mais de 65 anos (977, mais 125 do que em 2014). Números alarmantes,
que a associação acredita estarem ainda muito aquém da realidade.
O único estudo feito em Portugal
sobre o tema - “Envelhecimento e Violência”, coordenado pelo Instituto Nacional
de Saúde Dr. Ricardo Jorge, publicado em 2014 - aponta para valores ainda mais
significativos: estima que um em cada dez idosos com mais de 60 anos seja
vítima de violência por parte de pessoas conhecidas. De acordo com estes dados,
mais de 300 mil idosos foram vítimas de violência, entre Outubro de 2011 e
Outubro de 2012.
Quando há violência contra idosos, diz
o estudo, em quase 60% dos casos o agressor está na família e 13,5% das vítimas
recusa identificar o agressor, um número que pode esconder mais familiares. Dentro
da família, em metade dos casos, a violência parte do cônjuge, do companheiro
ou dos filhos. Na maior parte dos casos, o idoso, para além de gerir o seu
sofrimento, tem de se confrontar com questões afetivas.
As violências financeira e
psicológica são as mais frequentes em Portugal e estima-se que afete 6,3% da
população com mais de 60 anos. Nas
pessoas com idade superior a 76 anos, o risco de ser vítima aumenta 10% por
cada ano de idade. Estes são também os tipos de violência que são mais difíceis
de identificar porque não deixam marcas visíveis, ao contrário da violência
física.
O problema da violência contra idosos
não distingue entre ricos e pobres, habitantes urbanos e rurais. Ela é
transversal a todos os estratos sociais.
Algumas linhas
telefónicas de apoio:
Linha Nacional de
Emergência Social - Instituto da Segurança Social: 144
Linha de Apoio à
Vítima da APAV: 116 006
Linha do Cidadão Idoso
– Provedor de Justiça: 800 20 35 31 (chamada gratuita)
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