Algum
dia há-de ser um novo
dia,
se realmente o tempo se renova.
Sepultado nesta cova de rotina,
a ver o sol pousar sobre a colina
se realmente o tempo se renova.
Sepultado nesta cova de rotina,
a ver o sol pousar sobre a colina
em
frente,
em vez de me entregar ao sono paciente
de morrer,
ponho-me a futurar o amanhecer.
em vez de me entregar ao sono paciente
de morrer,
ponho-me a futurar o amanhecer.
E com toda a inquieta
serenidade sagrada de um poeta
que descortina
a universal e própria salvação,
vejo na imprecisão
que a próxima alvorada
- ou ela, ou outra, ou outra, ou outra ainda -
dará por finda
esta luz já monótona e cansada.
serenidade sagrada de um poeta
que descortina
a universal e própria salvação,
vejo na imprecisão
que a próxima alvorada
- ou ela, ou outra, ou outra, ou outra ainda -
dará por finda
esta luz já monótona e cansada.
(Miguel Torga)
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