A
miséria não é uma fatalidade, tem causas que devem ser reconhecidas e removidas
O
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza foi instituído pelas Nações
Unidas para consciencializar sobre a necessidade de erradicar a pobreza e a
miséria em todo o mundo.
A
ONU oficializou esta data em 1992, mas a sua origem remonta a 17 de outubro
1987, quando cem mil pessoas, guiadas pelo Padre Joseph Wresinski, se reuniram no
Trocadéro, em Paris, onde foi assinada a Declaração dos Direitos do Homem, para
defender os direitos humanos de cada país, condição e origem.
O
Padre Wresinski sintetizou o sentido desta data com estas palavras: “Onde os homens são condenados a viver na
miséria, os direitos do homem são violados. Unir-se para que sejam respeitados
é um dever sagrado”.
A
erradicação da pobreza e da fome é um dos oito objetivos de desenvolvimento do
milénio, definidos no ano 2000 por 193 países membros das Nações Unidas e por
várias organizações internacionais.
“Ouçamos o grito de tantos irmãos nossos
marginalizados e excluídos: ‘Tenho fome, sou estrangeiro, estou nu, doente,
recluso num campo de refugiados. É um pedido de justiça, não uma súplica ou um apelo
de emergência. É necessário que a todos os níveis se dialogue de maneira ampla
e sincera, para que sejam encontradas as melhores soluções e se amadureça uma
nova relação entre os diversos atores do cenário internacional, caracterizada
pela responsabilidade recíproca, a solidariedade e a comunhão. O jugo da
miséria gerado pelos deslocamentos muitas vezes trágicos dos emigrantes pode
ser eliminado mediante uma prevenção consistente em projetos de desenvolvimento
que criem trabalho e capacidade de resposta às crises ambientais. É verdade, a
prevenção custa muito menos que os efeitos provocados pela degradação das
terras ou a contaminação das águas, flagelos que açoitam as principais regiões
do planeta, onde a pobreza é a única lei, as doenças aumentam e a expectativa
de vida diminui” – do
discurso do Papa Francisco na Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura.
Os
últimos dados do Instituto Nacional de Estatística referem que, em 2016, havia
2595 milhões de portugueses (25,1%) em risco de pobreza ou exclusão social. Uma em cada quatro pessoas estava em risco
de pobreza e exclusão social.
Em comunicado para este dia, a Cáritas
Portuguesa refere: “Que temos feito
para a erradicação da pobreza, de maneira sistemática e radical?
Limitamo-nos a chamar a atenção para duas lacunas graves, entre outras, que
parecem invencíveis: a recusa de conhecimento corresponsável da pobreza no
país, e ausência de atuação sistemática nas suas causas. Em mais de dois mil
anos de existência do cristianismo, que tem no seu centro o tema dos pobres,
vemos que as instituições e comunidades cristãs procedem como se não
conhecessem os pobres existentes em cada localidade e no país: não procedem ao
conhecimento estatístico, resultante do contato direto de proximidade e ajuda;
não refletem regularmente sobre este assunto, visando soluções assistenciais e
estruturais; e não assumem compromissos que visem não só o atendimento de cada
pessoa pobre mas também a erradicação gradual e sistemática da pobreza.”
Organizações do setor social reconhecem que "melhorou uma
coisa aqui, ou acolá, houve quem conseguisse empregar-se, mas são empregos tão
inseguros e mal pagos que não dá para sair da pobreza. Ainda há pessoas em
Portugal que só comem uma vez por dia. Enquanto
as respostas não atingirem as causas geradoras, a pobreza pode ser minorada,
mas não erradicada, porque a estrutura que a alimenta e produz mantém-se igual".
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