“O trabalho é um direito de todos, que deve estar disponível
para todos”.
“Perante o atual desenvolvimento da economia e as
dificuldades que atravessam a atividade laboral, é preciso reafirmar que o
trabalho é uma realidade essencial para a sociedade, para as famílias e para os
indivíduos”.
“Que podemos dizer perante o gravíssimo problema do
desemprego que atinge vários países europeus? É consequência de um sistema
económico que já não é capaz de criar trabalho, porque colocou no centro um
ídolo, que se chama dinheiro”.
“O valor primário do trabalho é o bem da pessoa humana,
porque a realiza como tal, com as suas atitudes e as suas capacidades
intelectuais, criativas e manuais”.
“O problema de não trabalhar não é o de não ganhar dinheiro
para comer, porque nos podemos aproximar de organizações para receber
alimentos. O problema é não poder levar o pão para casa, é perder a dignidade”.
(Palavras do Papa
Francisco, a propósito da dignidade do Trabalho)
Trabalho
digno, a chave do progresso social - O trabalho digno constitui um elemento
essencial da luta contra a pobreza e a exclusão social. Todas as pessoas têm
direito a uma vida digna e a poder satisfazer as suas necessidades básicas.
O trabalho
digno foi definido pela Organização
Internacional do Trabalho como o conjunto de
oportunidades para que mulheres e homens possam ter acesso um trabalho
produtivo em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana.
O trabalho é
um dom e um projeto de humanização imprescindível para a construção da
sociedade e para a realização humana e não apenas uma fonte de remuneração,
afirmam em manifesto os Movimentos da Pastoral Operária - Movimento Apostolado
Adolescentes e Crianças, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica/Movimento
de Trabalhadores Cristãos e a Comissão Nacional Justiça e Paz. Renovam o
compromisso de continuar a lutar pelo trabalho digno e exigem da sociedade que
o defenda e promova também, porque o trabalho deve estar para o homem e não o
homem para o trabalho. Dignidade, respeito, honra, liberdade, direitos de todos
e para todos são aspetos a ter em conta entre o trabalho e o poder de compra.
Toda a
sociedade está chamada a dar visibilidade e denunciar, através de todos os
meios ao seu alcance, as situações de trabalho indigno existentes e todos
podemos fazer algo a partir das nossas organizações, movimentos e lugares de
compromisso, referem. Para
colocar no centro a pessoa e a sua humanização é preciso, por exemplo, romper
com a lógica da precariedade e da flexibilidade, que faz do trabalhador um ser
sem estabilidade, obrigando-o a alternar períodos de emprego com períodos de
desemprego, marcados pela incerteza permanente e que reduz os trabalhadores a
meros prestadores de serviços.
Também o Movimento
Mundial de Trabalhadores Cristãos marca a sua posição neste dia:
“O 7 de
Outubro tem de ser um marco imperativo na luta pelo trabalho digno, tal como o
propõe a Organização Internacional do Trabalho. Perante os avanços da
tecnologia, afirmamos que o trabalho, hoje e no futuro, pode ser exercido em
liberdade e com criatividade, tem que corresponder às necessidades das pessoas
e das comunidades, necessita de respeitar o ambiente e os recursos naturais e
deve ser factor de coesão, integração e justa distribuição da riqueza.
Nós,
militantes do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos – MMTC, manifestamos
a nossa preocupação, a nossa indignação e o nosso desassossego diante do modo
como as classes dominantes, políticas e económicas, conduzem as crises sociais
e laborais que assolam os trabalhadores no mundo e afectam as populações sem
distinção, mas sobretudo os mais pobres. Com altas taxas de desemprego, com
empregos cada vez mais precários, com os direitos laborais e protecção social
em regressão em tantos países e inexistentes em muitos outros, somos voz de
denúncia e de compromisso no combate à desvalorização do trabalho humano e ao
descarte de trabalhadores e trabalhadoras.
A desigualdade
socioeconómica, nos últimos anos, tem-se agravado significativamente.
Trabalhadores que em parte haviam superado a miséria e a pobreza, hoje estão a
regressar aos apoios sociais. Percebe-se que, juntamente com as desigualdades
sociais, está a aumentar em todas as sociedades a violência, violência de todos
os tipos: contra a pessoa e a vida, contra as famílias, tráfico de drogas,
armas e outros negócios ilícitos; excessos no uso da força policial, corrupção
e evasão fiscal, “má administração” dos bens públicos, abuso de poder económico
e político; manipulação por parte dos meios de comunicação e os crimes
ambientais.
O papa
Francisco faz um forte alerta ao que vem sucedendo com a prioridade dada ao
dinheiro, ao consumo, aos bens materiais, que contrasta fortemente com o
desprezo e abandono em relação às pessoas e famílias. Cremos que não é justo
submeter/escravizar o Estado de direito ao mercado neoliberal em nome da
renovação do desenvolvimento. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se
débil e termina submetido a uma perversa lógica do capital financeiro. Como nos
adverte o papa Francisco, “o dinheiro é para servir e não para governar” (EG
58).
No esforço de
superação do grave momento que a classe trabalhadora está a viver, são necessárias
mudanças que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a
sociedade, tendo em vista o bem comum. Os movimentos sindicais, sociais e
populares, como todas as instituições que lutam em favor das populações mais
pobres e excluídas, que estão a ser criminalizadas e falsamente denunciadas,
são fundamentais para estas mudanças. A criação de redes e associações
torna-nos mais fortes, mais incisivos e eficientes nesta intervenção cívica.”