“Repensar o trabalho é uma reflexão que se impõe para
enfrentar os desafios presentes e os do futuro. Foi através do trabalho que o
ser humano, ao longo dos tempos, se organizou e se socializou, definindo o
trabalho/emprego como um direito inalienável e indispensável. As mudanças que
se estão desde já a sentir e que têm sido atribuídas à conjugação do
aprofundamento da globalização com o avanço tecnológico, bem como as que se
perspectivam para o futuro, estão a provocar alterações na produção e,
consequentemente, no trabalho. Tais alterações questionam os modelos
tradicionais e colocam questões a que é preciso responder, designadamente no
que respeita à coesão social.
Segundo a
Organização Internacional do Trabalho, o mundo do trabalho é o teatro de
uma mutação profunda, num período em que a economia mundial não cria empregos
suficientes… E ao desemprego massivo, junta-se a profunda transformação que
conhece a relação de trabalho, portadora de novos desafios a vencer.
Nas
economias avançadas, a recuperação dos postos de trabalho está a fazer-se
lentamente, mas o emprego permanece bem abaixo dos níveis antes da crise, em
muitos países da OCDE, especialmente na Europa. De acordo com esta organização, o
tempo está a esgotar-se para evitar que as cicatrizes da crise se tornem
permanentes, com milhões de trabalhadores apanhados na armadilha da permanência
no fundo da escada económica. O longo legado da crise terá feito subir as
desigualdades e existe o perigo do aumento do número de trabalhadores no
desemprego crónico ou movendo-se entre o desemprego e os empregos precários e
mal pagos.
Contudo, são
cada vez mais os que defendem que a nova agenda para o trabalho, que tem vindo
a desenvolver-se desde há alguns anos, não se deve fundamentalmente à crise,
mas que se faz sentir antes de 2008, e se traduziu no declínio da protecção
legal do trabalho e na desvalorização dos salários e das qualificações. A
agenda política teria aproveitado a crise para introduzir alterações
significativas ao modelo de funcionamento do mercado de trabalho”.
Assim começa um
documento de reflexão de Eduarda Ribeiro e João Lourenço no âmbito da
iniciativa Economia e Sociedade – Pensar
o futuro.
Com as novas tecnologias, a digitalização, a
globalização e a financeirização, qual o lugar do trabalho humano e o emprego?
Como assegurar uma repartição justa do rendimento gerado? Como harmonizar, no
futuro, o trabalho com dignidade humana, realização pessoal, segurança social,
participação e coesão social? Que mecanismos desenvolver para acomodar, de modo
positivo, uma transição civilizacional que se vislumbra tumultuosa?
“De acordo com a OIT, a evolução do mundo do
trabalho, independentemente do que pensamos sobre o assunto, é o resultado de
uma multiplicidade de decisões tomadas aos níveis nacional e internacional,
tanto na esfera pública como privada e em todos os domínios. Do mesmo
modo, e apesar da dinâmica da mudança já observada e de algumas realidades
duras, o futuro do trabalho será o que fizermos dele.”
Por isso a OIT (Organização Internacional do Trabalho) propôs
várias iniciativas, entre quais se conta A Iniciativa sobre o futuro do trabalho, que se
desenvolverá até 2019 e que pretende reunir um vasto conjunto de contributos
que tornem possível uma reflexão sobre o futuro do trabalho.
O documento na integra pode ser lido AQUI
(Fonte: http://areiadosdias.blogspot.pt/2017/02/repensar-o-trabalho-e-o-emprego.html)
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