Cerca
de 15 mil cientistas de 184 países, entre os quais mais de 200 portugueses,
publicaram um artigo na revista BioScience para nos avisar que estão em curso danos
ambientais “irreversíveis” e “substanciais” na Terra. Algumas das principais
destruições (muitas provocadas por nós) são a crescente extinção de espécies, a
desflorestação, o aumento da temperatura e das emissões de dióxido de carbono
(CO2).
Este
já é o segundo alerta do género feito pelos cientistas à humanidade. O primeiro
foi feito em 1992. Mais de 1700 cientistas de todo o mundo (muitos deles
premiados com o Nobel) assinavam um artigo com o título “Alerta dos Cientistas do Mundo à Humanidade”.
“Os seres humanos e o mundo natural estão em
colisão. As atividades humanas causam danos severos e, por vezes, irreversíveis
no ambiente e nos recursos”, lê-se logo no início do artigo. Depois, os
cientistas enumeraram uma série de danos, nomeadamente na camada de ozono, nos
recursos hídricos, nas zonas costeiras, no solo, assim como a perda de espécies
ou o rápido crescimento da população mundial. Também sugeriam passos a seguir,
como a estabilização da população ou o controlo das atividades mais
prejudiciais para o ambiente. Pediam ainda que os países desenvolvidos agissem
com urgência e reduzissem o seu “superconsumo”.
Agora,
há um novo aviso à humanidade, com mais cientistas e também dados mais
preocupantes.
E
qual foi a evolução desde 1992? Houve uma redução de 26% na quantidade de água
doce disponível per capita; uma queda na captura de peixe selvagem,
apesar do crescimento do esforço de pesca; um aumento de 75% do número de zonas
mortas nos oceanos; uma perda de 121 milhões de hectares de floresta, muitos
convertidos para a agricultura; um aumento contínuo e significativo nas
emissões globais de CO2 e nas temperaturas médias do planeta; um aumento de 35%
da população humana; e uma redução de 29% nos mamíferos, répteis, anfíbios,
aves e peixes. “Além disso, desencadeámos
uma extinção em massa, a sexta em cerca de 540 milhões de anos, em que muitas
formas de vida atuais podem ser aniquiladas ou condenadas à extinção até ao
final do século”, assinala-se.
Em
2017 haverá um aumento de cerca de 2% das emissões. Ou seja, das 36,2
gigatoneladas de CO2 emitidas em 2016 passámos para 36,8 em 2017. A China é um
dos principais responsáveis por estas emissões. “Algumas pessoas têm tentado descartar estas provas e pensam que estamos
a ser alarmistas” mas “o que os
cientistas fazem é analisar os dados e olhar as consequências a longo prazo.
Quem assinou este segundo aviso não está a levantar um falso alarme. Está a
reconhecer os sinais óbvios de que estamos a ir num caminho insustentável.”
– referem os cientistas.
O Documento pode ser lido AQUI
Entrevista
com Cristina Branquinho, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa e signatária do documento LER AQUI