Relatório Unicef 2016 - “A desigualdade não é inevitável, nem insuperável. O tempo de agir é
agora. É urgente esbater as desigualdades que colocam milhões de crianças em
perigo e ameaçam o futuro”
O Relatório, divulgado pelo
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
na passada terça-feira, dia 28 de Junho, revela que, com base nas
tendências atuais, a pobreza, a desigualdade e a miséria vão
causar a morte de 69 milhões de crianças
com menos de 5 anos, 167 milhões de
crianças viverão na pobreza e 750 milhões de meninas serão casadas ainda
crianças até 2030, o ano estabelecido como meta dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável. As situações mais graves ocorrem na Ásia do Sul e
África Subsariana, em países como a Índia, Nigéria,
Paquistão, República Democrática do Congo, Angola, Chade, Somália e
Guiné Equatorial.
O Relatório documenta que as crianças mais pobres
têm duas vezes mais probabilidades de morrer antes dos 5 anos e de serem
cronicamente subnutridas, do que as mais ricas. Em grande parte da Ásia do Sul
e África Subsariana, crianças nascidas de mães sem escolaridade estão quase
três vezes mais sujeitas a morrer antes dos 5 anos de idade do que aquelas
cujas mães tenham o ensino secundário e que as meninas das famílias mais pobres
são duas vezes mais propensas a casar na infância, do que as meninas de
famílias mais ricas. Quando se compara a Serra Leoa com o Reino
Unido, as crianças do primeiro país têm 30 vezes mais probabilidades de morrer
de subnutrição do que as do segundo.
De acordo com a Unicef, em nenhum lugar o quadro
é mais sombrio do que na África Subsariana, onde, pelo menos, 247 milhões de
crianças – ou seja duas em cada três – vivem na pobreza multidimensional,
privadas do que precisam para sobreviver e se desenvolver. A continuar a
situação atual, em 2030, 9 em cada 10 crianças viverão em pobreza extrema nesta
região do mundo.
O documento reconhece alguns
progressos, desde a década de 90, na missão de reduzir a dimensão da pobreza e
garantir que as crianças vão à escola: as taxas mundiais de mortalidade para
menores de 5 anos baixaram para menos de metade, as crianças cumprem o tempo de
escola primária em igualdade em 129 países e o número de pessoas que vivem sob
pobreza extrema à escala mundial é cerca de metade.
Mas os progressos alcançados não foram uniformes. Se se
registaram avanços nalguns países, registou-se também um crescendo nas
desigualdades entre Estados e, dentro dos próprios países, entre os mais ricos
e os mais pobres.
No capítulo da
educação, por exemplo, a desigualdade é acentuada: quase 124 milhões de
crianças não recebem
educação primária ou ensino secundário inicial e quase duas em cada cinco
alunos que completam a escola primária não aprendem a ler, escrever ou como
fazer aritmética básica.
Em média, e tendo em consideração a dimensão da
população, a desigualdade aumentou 11% entre 1990 e 2010 nos países em
desenvolvimento. E mais de 75% das
famílias vivem em sociedades onde o
rendimento é pior repartido do que na década de 90.
Todas as crianças têm direito a um futuro melhor
O vídeo acima faz parte da campanha #FightUnfair - LUTAR CONTRA A
INJUSTIÇA – lançada pela UNICEF. Pretende alertar a sociedade para a falta de
oportunidade de um futuro melhor provocado
pelas diferenças injustas que sofrem milhares de crianças. Para tentar quebrar
o ciclo da pobreza, a organização lança um desafio a todos e a cada um: usar a voz para alertar os familiares, os
amigos e conhecidos, para acabar com o estigma que envolve a pobreza e denunciar
o que provoca a injustiça no mundo; usar
a mente para educar e sensibilizar sobre a forma como os líderes mundiais
investem nas crianças mais excluídas ou, pelo contrário, contribuem para um
mundo mais dividido; usar a energia
para ajudar organizações locais que apoiam crianças e famílias vulneráveis; usar competências adquiridas para se
envolver com programas de orientação para crianças e jovens em necessidade; usar a carteira para adquirir produtos
de empresas que tratam os seus trabalhadores de modo justo e igual, apoiando
negócios locais; usar a influência na
sociedade, enquanto cidadão, para saber mais e intervir sobre as políticas
utilizadas para combater a pobreza.
São estes os desafios que a UNICEF deixa a todos,
em mais esta campanha por um futuro melhor para as crianças no mundo.