“O aumento da pobreza e das desigualdades – são necessários modelos
sociais justos para a solução" - Relatório da crise,
2015
O relatório da Cáritas Europa sobre o impacto humano
que as políticas de austeridade estão a ter sobre as pessoas na União Europeia
(UE) revela níveis preocupantes de pobreza e privação nos sete países mais
afetados pela crise económica: Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal,
Roménia e Espanha. A UE continua a enfrentar a crise em curso centrando-se
principalmente sobre as políticas económicas em detrimento das políticas
sociais. O fracasso na resposta, concreta e à escala necessária, para ajudar os
que apresentam dificuldades, proteger os serviços públicos essenciais e criar
emprego, é o principal fator para o prolongamento da crise. O relatório
descreve uma Europa injusta, onde os riscos sociais estão a aumentar, os
sistemas sociais estão a ser reduzidos, os indivíduos e as famílias estão sob
tensão, a coesão social está a desaparecer e a confiança das pessoas nas
instituições políticas é cada vez mais fraca. Com este relatório, a Cáritas
Europa desafia fortemente o discurso oficial, segundo o qual, o pior da crise
económica já passou. A crise ainda não acabou. As opções políticas atuais estão
a ter um impacto extremamente negativo sobre as pessoas mais vulneráveis.
Também a Cáritas Portuguesa
divulgou os dados referentes a 2014 tendo registado 21.549 novos casos de
pessoas em situação de pobreza, um aumento de 15,4% face a 2013. Foram apoiadas
160.608 pessoas, uma média de 440 por mês, e 63.059 famílias, um aumento de 19%
face ao ano anterior. Os principais motivos que levam as pessoas e as famílias
a solicitarem ajuda são os reduzidos rendimentos e as questões relacionadas com
o trabalho. As dívidas com água, gás e alimentação representaram 35% dos
atendimentos. O desemprego, o emprego clandestino, o trabalho precário, os
salários baixos ou em atraso totalizaram
23% dos apoios dados. Para Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas, as
medidas tomadas pelo governo penalizaram fortemente uma parte da sociedade
portuguesa e todo o programa de austeridade foi mal programado. Aumentou em
mais de 40% os portugueses que vivem com menos de 2 euros por dia, ou seja,
abaixo do limiar da pobreza. Uma situação que se agravou de 2013 para 2014,
consequência de uma austeridade mal distribuída.
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